sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Iluminismo

Corrente de pensamento, também chamada de Ilustração, dominante no século XVIII, especialmente na França, sua principal característica é creditar à razão a capacidade de explicar racionalmente os fenômenos naturais e sociais e a própria crença religiosa. A razão humana seria então a luz (daí o nome do movimento) capaz de esclarecer qualquer fenômeno. Representa a hegemonia intelectual da visão de mundo da burguesia européia e, assim, rejeita as tradições e ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do Antigo Regime, abrindo caminho para a Revolução Francesa. Tem início no Renascimento, com a descoberta da razão como chave para o entendimento do mundo, e seu ponto alto no século XVIII, o Século das Luzes, difundido nos clubes, salões literários e nas lojas maçônicas. Fornece o lema principal da Revolução Francesa: "Liberdade, igualdade, fraternidade".

Contexto histórico – O Iluminismo surge em uma época de grandes transformações tecnológicas, com a invenção do tear mecânico, da máquina a vapor, entre outras. É o período que marca o fim da transição entre feudalismo e capitalismo.

Características principais – O iluminismo é deísta, isto é, acredita na presença de Deus na natureza e no homem e no seu entendimento através da razão. É anticlerical, pois nega a necessidade de intermediação da Igreja entre o homem e Deus e prega a separação entre Igreja e Estado. Afirma que as relações sociais, como os fenômenos da natureza, são reguladas por leis naturais.

Visão do homem – Para os teóricos do Iluminismo o homem é naturalmente bom e todos nascem iguais. É corrompido pela sociedade, em conseqüência das injustiças, opressão e escravidão. A solução é transformar a sociedade, garantindo a todos a liberdade de expressão e culto e fornecendo mecanismos de defesa contra o arbítrio e a prepotência.

Organização da sociedade – Deve ser norteada pelo princípio da busca da felicidade. Cabe ao governo garantir os "direitos naturais": liberdade individual, direito de posse, tolerância, igualdade perante a lei. A doutrina do liberalismo político substitui a noção de poder divino pela concepção do Estado como criação do homem e entregue ao soberano mediante um contrato, o contrato social. Como a idéia de contrato implica sua revogabilidade, abre as portas para diversas formas de governo.

Formas de governo – Alguns iluministas, como Montesquieu e Voltaire, têm como modelo a monarquia inglesa. Outros, como Rousseau, preferem uma república com fundamentos éticos.
Precursores dos iluministas – Os principais são René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês, defensor do método lógico e racional para construir o pensamento científico; e Isaac Newton (1642-1727), cientista inglês, descobridor de várias leis físicas, entre elas a lei da gravidade. Para Newton, a função da ciência é descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.
Montesquieu
Filósofos do Iluminismo – Os principais são John Locke (1632-1704); Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet (1694-1778); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); Montesquieu, como é conhecido o escritor francês Charles Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu (1689-1755); e Denis Diderot (1713-1784). John Locke é considerado o "pai do Iluminismo". Representa o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. Para Locke, o homem, ao nascer, não possui qualquer idéia e sua mente é como uma tábula rasa. O conhecimento, em decorrência, é adquirido por meio dos sentidos, base do empirismo, e processado pela razão. Voltaire critica violentamente a Igreja e a intolerância religiosa e é o símbolo da liberdade de pensamento. Defende uma monarquia que garanta as liberdades individuais, sob o comando de um soberano esclarecido. Rousseau propõe um Estado governado de acordo com a vontade geral do povo e capaz de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Montesquieu prega a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário, como forma de proteger as garantias individuais. Diderot, ao lado do físico e filósofo Jean Le Rond d'Alembert (1717-1783), organiza uma enciclopédia que pretende reunir o conhecimento científico e filosófico da época. Por essa razão os iluministas também são conhecidos como "enciclopedistas".
Rousseau
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasce em Genebra, na Suíça, mas se transfere para a França. É o iluminista mais radical, precursor das idéias socialistas, ao contestar a propriedade privada, e do romantismo, ao afirmar o primado dos sentimentos sobre a razão. Fica órfão de mãe aos 10 anos de idade, é abandonado pelo pai, de origem calvinista, e entregue aos cuidados de um pastor. Em sua obra mais conhecida, O contrato social, defende um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em bases democráticas. No Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (1755), outra de suas obras, realça os valores da vida natural e critica o mundo civilizado. Para Rousseau o homem nasce bom e sem vícios – o bom selvagem – mas depois é pervertido pela sociedade civilizada. Defende a pequena burguesia e inspira os ideais da Revolução Francesa. No livro Emílio apresenta seu projeto educacional para manter o homem bom. Tem cinco filhos, todos entregues a orfanatos.

John Locke (1632-1704) filósofo inglês, precursor do Iluminismo. Estuda medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford, principalmente as obras de Bacon e Descartes. Participa da Revolução Inglesa, em 1688. Passa vários anos na França e na Holanda. Volta à Inglaterra quando Guilherme de Orange sobe ao trono. Representante do individualismo liberal, em sua principal obra, Ensaio sobre o entendimento humano, de 1690, propõe que a experiência é a fonte do conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão.

A Enciclopédia – É planejada em 1750 por Diderot e pelo físico e filósofo Jean Le Rond d'Alembert (1717-1783), sob o título Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios. Sua publicação sofre violenta campanha contrária da Igreja e de grupos políticos afinados com o clero. Entre 1751 e 1772 são publicados 17 volumes de texto e 11 de pranchas de ilustração. É de inspiração racionalista e materialista, propõe a imediata separação da Igreja do Estado e combate às superstições e às diversas manifestações do pensamento mágico, entre elas as instituições religiosas. Sofre intervenção da censura e condenação papal, mas acaba por exercer grande influência no mundo intelectual e inspira os líderes da Revolução Francesa. Os mais importantes colaboradores são: Montesquieu e Voltaire (literatura), Condillac e Condorcet (filosofia), Rousseau (música), Buffon (ciências naturais), Quesnay e Turgot (economia), Holbach (química), Diderot (história da filosofia), D'Alembert (matemática).

Teorias econômicas – Aplicado à vida social e política, o Iluminismo produz duas correntes de pensamento, a fisiocracia e o liberalismo econômico.
Fisiocratas – São contrários à intervenção do Estado na vida econômica. O mais importante representante da escola fisiocrata é François Quesnay (1694-1774), médico francês que defende a existência de um poder natural em ação nas sociedades, que não deve ser contrariado por leis e regulamentos. É partidário de um capitalismo agrário, com o aumento da produção agrícola, única solução para gerar riquezas para uma nação.
Liberalismo econômico – Seu principal inspirador é o economista escocês Adam Smith, considerado o pai da economia política, autor de O ensaio sobre a riqueza das nações, obra fundamental da literatura econômica. Ataca a política mercantilista por ser baseada na intervenção estatal e sustenta a necessidade de uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado, o laissez-faire. Para Adam Smith, a verdadeira riqueza das nações está no trabalho, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. O liberalismo econômico recebe, posteriormente, a colaboração do sociólogo e economista inglês Thomas Robert Malthus e do economista inglês David Ricardo.
Adam Smith (1723-1790), mais importante teórico do liberalismo econômico no século XVIII, nasce na Escócia e estuda em Glasgow e Oxford. Em 1751 é nomeado professor de lógica na Universidade de Glasgow e, no ano seguinte, assume a cátedra de filosofia moral. Publica Teoria dos sentimentos morais em 1759. Viaja à França e Suíça e, em 1763, entra em contato com os fisiocratas. Volta à Escócia e publica sua obra principal, Ensaio sobre a riqueza das nações (1776). Prega a não-intervenção do Estado na economia e um Estado limitado às funções de guardião da segurança pública, mantenedor da ordem e garantidor da propriedade privada. Defende a liberdade contratual, pela qual patrões e empregados são livres para negociar os contratos de trabalho.

Despotismo esclarecido
As idéias racionalistas e iluministas influenciam alguns governantes absolutistas, que pretendem governar segundo a razão e o interesse do povo, sem abandonar, porém, o poder absoluto. Os mais célebres são: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; o marquês de Pombal, ministro português; e Carlos III, da Espanha. Eles realizam reformas que ampliam a educação, garantem a liberdade de culto, estimulam a economia, fortalecem a igualdade civil, uniformizam a administração pública, introduzem a separação dos poderes judicial e executivo, mas mantêm a servidão da gleba e a autocracia, aguçando as contradições sociais e políticas.
Governo de Frederico II, da Prússia – Acontece de 1740 a 1786. Influenciado principalmente pelas idéias de Voltaire, permite liberdade de culto aos prussianos e torna obrigatório o ensino básico. Acaba com a tortura aos criminosos e organiza novo código legal. Permite a liberdade de expressão e estimula a construção e o desenvolvimento da indústria. Apesar dessas mudanças, a Prússia mantém o regime feudal.
Governo de Catarina II, da Rússia – No poder de 1759 a 1796 e, apesar de manter contato com muitos filósofos do Iluminismo, muda muito pouco a estrutura social e econômica da Rússia. Constrói escolas e hospitais e estimula a influência da cultura francesa na vida cultural do país. Autoriza a liberdade de culto e submete a Igreja ortodoxa ao Estado. A situação dos servos, porém, só piora, principalmente quando os proprietários conseguem ter o direito de condená-los à morte.
Governo de José II, da Áustria – Pode ser considerado o padrão de déspota esclarecido. Governa de 1780 a 1790 e nesse período acaba com a escravidão no país e a liberdade de culto religioso e garante emprego aos não-católicos. Promove a igualdade de todos perante a lei e às tarifas e reorganiza a estrutura de organização do Império. Introduz o serviço militar obrigatório e moderniza o Exército.
Marquês de Pombal (1699-1782), como é conhecido Sebastião José de Carvalho e Melo, estadista português que se destaca pela atuação como déspota esclarecido durante o governo de dom José I. Estuda direito, história e política. É nomeado secretário dos Negócios Estrangeiros de dom José I em 1750 e, em pouco tempo, adquire poderes absolutos por quase 30 anos. Fortalece o monopólio comercial e equilibra a balança comercial portuguesa. Reconstrói Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755, e transforma a capital em uma cidade moderna. Expulsa os jesuítas de Portugal e das colônias por se oporem às suas reformas educacionais. Abre Portugal para a influência do Iluminismo. Moderniza o ensino, cria a Imprensa Régia, bibliotecas e indústrias. Regulamenta o salário dos camponeses e o tamanho das propriedades rurais. Contestado por praticamente toda a nobreza e pelas elites coloniais é obrigado a se demitir com a morte de dom José I, em 1777.

Marquês de Pombal

1ª Guerra Mundial ( 1914-1918 )


A Primeira Guerra Mundial é o primeiro conflito armado que envolve diretamente as grandes potências do mundo. Dura de 1914 a 1918 e altera a organização social e política em âmbito mundial. Até então existem apenas conflitos envolvendo determinadas regiões do planeta.
Antecedentes da Primeira Guerra
Desde meados do século XIX acirra-se a disputa entre as potências imperialistas da Europa pelo controle das matérias-primas e dos mercados mundiais. Elas travam guerras contínuas e disputas por novos territórios.
Rivalidades econômicas e imperialismo – A entrada de novas potências industriais imperialistas no cenário internacional aguça as rivalidades entre seus interesses econômicos, em particular sobre a repartição dos mercados e territórios.
Explosão de nacionalismo – O nacionalismo das grandes potências desemboca num sistema de alianças para proteger-se da expansão das demais. O nacionalismo das nações colonizadas manifesta-se em ações violentas e pressões contra as potências coloniais. A crise dos Bálcãs, a partir de 1908, torna-se o foco das rivalidades imperialistas, em virtude da decadência do Império Otomano e da possibilidade da divisão de seus territórios. Os principais movimentos nacionalistas se desenvolvem na Europa e são o pan-eslavismo, o pangermanismo e o revanchismo francês.
Pan-eslavismo – Defende a união de todos os povos de origem eslava da Europa oriental, incluindo os que estão sob domínio do Império Austro-Húngaro. Manifesta-se a partir da Rússia, que busca uma saída para o mar Mediterrâneo.
Pangermanismo – Propõe a consolidação de um bloco de países de origem germânica. É liderado pela Alemanha.
Revanchismo francês – Em 1870 a França é derrotada ao tentar conter o expansionismo germânico e obrigada a ceder à Alemanha a Alsácia-Lorena, região rica em carvão e minério de ferro. Desde então cresce entre os franceses um movimento revanchista para recuperar o território cedido e "se vingar" da Alemanha.
Crise nos Bálcãs – Os enfrentamentos entre Sérvia e Áustria na península balcânica também colaboram para acirrar as diferenças nacionalistas entre os países da Europa. Apoiados pelos russos, os sérvios tentam conter a expansão da Áustria. Em 1908 a Áustria anexa a Bósnia-Herzegóvina impedindo que a Sérvia organize a Grande Sérvia, que incorporaria as regiões de povos eslavos. Sistema de alianças
No início do século XX o clima de tensão entre as grandes potências é tão grande que o conflito já se mostra inevitável. Os países procuram então organizar os exércitos, produzir armamentos e fazer acordos entre si para garantir força na disputa. Em 1907 estão formadas a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente.
Tríplice Aliança – Reúne a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália, a partir de 1882, com o objetivo de enfrentar o expansionismo francês na Europa. Durante a guerra, o Império Otomano incorpora-se a ela por sua aliança com a Alemanha e por suas rivalidades com a Rússia. A Bulgária, que tem grandes interesses nos Bálcãs, também se alia à Alemanha. A Itália, embora pertencente à Tríplice Aliança, declara-se neutra no início do conflito e depois, em 1915, passa para o lado de seus inimigos, apoiando a Tríplice Entente.
Tríplice Entente – Tem por base a Entente Cordiale, formada em 1904 pelo Reino Unido e pela França para opor-se ao expansionismo germânico. Em 1907, com a adesão da Rússia, ela se transforma na Tríplice Entente. Durante a guerra, outras 24 nações incorporam-se à Entente, formando uma ampla coalizão chamada de Aliados.
O mundo em guerra
O estopim do primeiro conflito mundial é o assassinato, em 28 de junho de 1914, do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco.
Assassinato de Francisco Ferdinando – Francisco José, imperador da Áustria-Hungria, chega aos 84 anos de idade e sua morte não causaria impacto na vida política do império, pois seu filho, o arquiduque Francisco Ferdinando, está pronto para assumir o poder. Por essa razão, o assassinato do arquiduque austríaco, em Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina, pelo estudante bósnio Gavrilo Princip é encarado como um ataque contra o império e a causa imediata da Primeira Guerra Mundial.
Objetivo dos conspiradores – O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro começa a ser preparado na capital da Sérvia, Belgrado, por militantes de uma sociedade secreta chamada Unidade ou Morte, mas conhecida popularmente como Mão Negra. O principal objetivo do grupo nacionalista sérvio é impedir a execução do plano de reorganização do Império planejado, segundo voz corrente nos meios políticos e diplomáticos, por Francisco Ferdinando.
Sérvia na parede – Aberto um inquérito para apurar as responsabilidades pelo atentado contra o arquiduque Francisco Ferdinando, as autoridades austríacas comprovam a existência de uma conspiração sérvia na orientação do crime. Em represália, no dia 23 de julho seguinte a Áustria envia documento ao governo sérvio exigindo duras providências oficiais. O governo austríaco pede o imediato fechamento dos jornais empenhados em propaganda contra a Áustria, a proscrição das sociedades secretas, a exclusão do governo e das Forças Armadas dos acusados de campanha anti-austríaca e a aceitação da cooperação de funcionários e militares austríacos no combate ao movimento contrário ao império dos Habsburgo.
Virtual rendição – A resposta do governo sérvio, a 25 de julho, representa praticamente a rendição da Sérvia, pois aceita quase integralmente as exigências austríacas. Nos meios diplomáticos, acredita-se no afastamento da ameaça de guerra. A Áustria, surpreendentemente, não aceita a resposta sérvia, rompendo as relações diplomáticas entre os dois países e mobilizando seu Exército. Os sérvios, entretanto, estão preparados para a intransigência austríaca e, junto com a resposta de 25 de julho, mobilizam suas Forças Armadas. A atitude austríaca é um sintoma do precário equilíbrio político europeu que antecede o assassinato de Francisco Ferdinando. Pouco antes do atentado, a Rússia, com a concordância da França, deixa claro à Áustria que não aceita qualquer medida de agressão à Sérvia. O governo alemão concorda com a necessidade de providências contra a Sérvia, como forma de limitar as desavenças na região, mas se coloca ao lado da Áustria, acreditando na neutralidade final da Rússia.
Declaração de guerra – Em 28 de julho de 1914 a Áustria declara guerra à Sérvia. A situação se agrava com a decisão russa de mobilizar suas tropas não apenas contra a Áustria, mas também contra a Alemanha. O kaiser alemão, Guilherme II, apela ao czar russo Nicolau II em favor da paz européia, mas a facção militarista russa convence o soberano a manter a mobilização. Diante da decisão do governo russo, a Alemanha envia um ultimato ao czar Nicolau II exigindo o cancelamento da ordem de mobilização. Em 1º de agosto o embaixador da Alemanha pede ao ministro das Relações Exteriores da Rússia que interceda a favor do atendimento do ultimato alemão, mas não encontra eco para sua proposta. Em resposta às negativas do ministro russo, o embaixador entrega uma declaração de guerra à Rússia. Enquanto isso, os emissários do kaiser também procuram as autoridades francesas, na tentativa de deter o conflito. O governo francês dá uma resposta dúbia ao governo alemão e, em seguida, ordena a mobilização de suas tropas. No dia 3 de agosto a Alemanha declara guerra à França.
Participação inglesa – No início das hostilidades, o Reino Unido parece neutro, mesmo com os dois outros integrantes da Tríplice Entente em estado de guerra. Mas a invasão da Bélgica pelos alemães, que não tinham outra forma de atingir a França, serve como pretexto para sua entrada no conflito. O governo inglês entra na guerra à meia-noite de 4 de agosto, alegando ser signatário de um tratado que garante a neutralidade do território belga.
Japão, Turquia e Itália – A guerra imediatamente envolve outras nações. Os montenegrinos socorrem os sérvios contra a Áustria, pois têm a mesma origem étnica. O Japão, de olho nas possessões alemãs no Extremo Oriente e escudado em uma aliança com o Reino Unido, alinha-se contra a Alemanha. A Turquia entra ao lado dos alemães e ataca os portos russos no mar Negro. A Itália mantém-se neutra, sob diversos subterfúgios, até maio de 1915, quando entra no conflito ao lado da Tríplice Entente, sob a promessa de receber parte de territórios da Áustria e da Turquia.
Propaganda da guerra – Líderes dos países envolvidos nos dois lados da conflagração se dizem movidos por motivos nobres. A Inglaterra fala na defesa das nações mais fracas. A França diz lutar pelos valores eternos do humanismo. O presidente norte-americano Woodrow Wilson garante que a Entente tem como missão salvar o mundo do militarismo. Até os socialistas europeus, que juram lutar contra as guerras promovidas pelos países capitalistas, se transformam em ardorosos patriotas guerreiros. No outro lado do campo de batalha, o kaiser diz que a guerra contra a Entente é a luta do bem contra o mal, sendo o bem a defesa de uma cultura superior, a alemã. Os socialistas alemães também são seduzidos pelos argumentos dos militaristas, acreditando que a guerra da Alemanha contra a Rússia vai contribuir para derrubar o czar.
Estratégia e técnicas de guerra – Na Frente Ocidental, da França ao mar do Norte, passando pela Suíça, a guerra estaciona por quatro anos. A Alemanha avança sobre a França, mas é contida nessa frente e os exércitos inimigos ocupam uma extensa malha de trincheiras, protegida por arame farpado, dedicando-se a ataques violentos e de efeitos locais.
Batalhas terrestres – O grosso da guerra é travado em combates terrestres, com o uso da artilharia e de tropas armadas de fuzis, baionetas e granadas. São também empregados lança-chamas e gases letais.
Novas armas – Desenvolvida em 1718 pelo inglês James Puckle, a metralhadora original disparava cerca de 10 tiros por minuto mas é aprimorada e chega ao século XX como uma das armas mais mortíferas da Segunda Guerra. Os tanques são empregados apenas a partir de 1916, sob a desconfiança dos chefes militares, ainda adeptos das armas e estratégias tradicionais. O avião também estréia, mas limitado a missões de reconhecimento e poucos, embora haja alguns combates aéreos.
Entrada dos Estados Unidos – Os Estados Unidos declaram guerra à Alemanha em abril de 1917, alegando lutar contra o autoritarismo e o militarismo. O pretexto para entrar no conflito ao lado da Entente é a declaração das autoridades da Alemanha reafirmando o uso generalizado de submarinos, inclusive ameaçando afundar sem aviso prévio os navios neutros a caminho dos portos britânicos. Os EUA também defendem a criação de uma liga das nações para regular as relações entre os povos, com o estabelecimento de um fórum capaz de substituir as maquinações diplomáticas. Mas o principal objetivo norte-americano é preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma possível hegemonia alemã.
Revolução Russa – As derrotas e perdas com a guerra levam a insatisfação à Rússia. Greves e conflitos obrigam o czar Nicolau II a renunciar e o poder, depois de dois governos provisórios, cai nas mãos dos bolcheviques, que instalam um Estado socialista. Em março de 1918, os bolcheviques fazem a paz em separado com a Alemanha pelo tratado de Brest-Litovsk.
Tentativas de paz – Algumas tentativas são feitas para alcançar a paz. Socialistas da Holanda e Escandinávia tentam montar uma conferência internacional para conseguir o término da guerra sem anexações ou indenizações. A idéia é encampada pelos partidos socialistas mais importantes da Europa, em ambos os lados da conflagração, mas a proposta é arquivada porque os governos da Entente vetam a participação dos delegados de seus países no encontro, marcado para Estocolmo. Uma idéia similar, do papa, também é recusada. Woodrow Wilson, no papel de porta-voz dos Aliados, descarta qualquer sugestão de paz que implique a manutenção do kaiser no governo alemão.
Os 14 Pontos – Em janeiro de 1918 o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, apresenta uma proposta de paz contida em 14 pontos: exigência da eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos; liberdade nos mares; abolição das barreiras econômicas entre os países; redução dos armamentos nacionais; redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados; retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; restauração da independência da Bélgica; restituição da Alsácia e Lorena à França; reformulação das fronteiras italianas; reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria; restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar para a Sérvia; reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo do povo da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o mar Negro ao Mediterrâneo; independência da Polônia; e criação da Liga das Nações.
Fim da guerra – Em julho de 1918 as forças inglesas, francesas e norte-americanas lançam um ataque definitivo contra os alemães, forçados a retroceder. A guerra já está virtualmente vencida pelos Aliados. A Bulgária retira-se do conflito e a Turquia se rende. O imperador Carlos I, sucessor de Francisco José, assina um armistício e a Áustria abandona o conflito. A guerra continua porque Wilson exige a deposição do kaiser, mesmo com os alemães aceitando a rendição com base nos 14 pontos.
Rendição alemã – A Alemanha continua a guerra sozinha. A falta de alimentos, causada pelo bloqueio aliado, e a precária situação de saúde da população civil deixam o país à beira de uma revolução social. Na Baviera é proclamada a República e o restante do país encontra-se sublevado. Um decreto anuncia a abdicação do kaiser, que foge para a Holanda. Um conselho provisório, chefiado por Friedrich Ebert, líder dos socialistas, assume o poder e negocia a rendição. Em 11 de novembro de 1918 o marechal Foch, comandante dos exércitos da Entente, assina o tratado de paz com os representantes da Alemanha.
Kaiser Guilherme II
Saldo da guerra – A guerra, mesmo sem grandes deslocamentos, mata 10 milhões e fere 20 milhões de soldados de ambos os lados do conflito. A Entente ganha porque detém o controle permanente das rotas navais e recebe apoio irrestrito em dinheiro, material bélico e provisões dos aliados e de dezenas de países neutros.
Tratado de Versalhes
A Conferência de Paz de Versalhes, realizada no palácio de Versalhes, em Paris, França, acontece de 1919 e 1920 com a participação das 27 nações vencedoras. O acordo resultante, o Tratado de Versalhes, é implacável com os vencidos. Os alemães são obrigados a aceitar essas condições, que serão o germe da Segunda Guerra Mundial. Os 440 itens espelham os interesses e vontades representados por Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos; David Lloyd George, primeiro-ministro britânico; e Georges Clemenceau, primeiro-ministro francês. Os 14 Pontos propostos por Wilson são praticamente postos de lado. Alguns pontos são modificados de tal forma que se tornam irreconhecíveis. O Tratado de Versalhes é assinado pelos representantes alemães, depois de inúmeros protestos e da ameaça de invasão da Alemanha pelos exércitos vencedores, em 28 de junho de 1919.
Liga das Nações – É criada em 28 de abril de 1919 com sede em Genebra, na Suíça. O presidente norte-americano Woodrow Wilson abdica de quase todas as suas propostas na Conferência de Versalhes com o objetivo de conseguir a criação da Liga das Nações. Para Wilson, a derrota da Alemanha significa a contensão do militarismo na Europa e a possibilidade de um fórum no qual pequenos e grandes países possam trabalhar pela paz mundial. A Liga das Nações, entretanto, irá fracassar por defeitos de origem. Para conseguir passar a sua idéia, Wilson é obrigado a fazer concessões que acabam por inviabilizar o organismo. O Japão, por exemplo, troca seu ingresso na Liga pelas antigas possessões alemãs na China. Já a França exige a exclusão da Alemanha e da Rússia. Por fim, é rejeitada pelos Estados Unidos, a nação de seu idealizador.
As imposições do Tratado – A Alemanha é obrigada a entregar à França a Alsácia e a Lorena, além de outros territórios à Dinamarca e à Polônia. As minas de carvão do Sarre são cedidas à França para exploração por 15 anos. O porto de Danzig é entregue à jurisdição da Liga das Nações e sua exploração à Polônia. A Alemanha é desarmada: entrega aos vencedores seus submarinos e navios, com poucas exceções; é proibida de ter aviação militar e marinha de guerra; o Exército é limitado a 100 mil homens. Como compensação pelas perdas e danos sofridos pelos países da Entente, os alemães são condenados a pagar a soma de US$ 33 bilhões, calculada em 1921. O Tratado de Versalhes trata quase exclusivamente da Alemanha. Outros acordos são assinados em separado com os seus aliados na guerra. O Império Austro-Húngaro é desmembrado e surgem a Tchecoslováquia, Hungria, Polônia e Iugoslávia.
Conseqüências da guerra – A Primeira Guerra Mundial, "a guerra destinada a acabar com todas as guerras", planta as sementes da Segunda Guerra Mundial. O nacionalismo e o militarismo não desaparecem e surgem novos totalitarismos. O conflito, entretanto, muda a face do mundo. As economias nacionais descobrem a necessidade de planejamento central e do uso mais racional dos materiais e da força de trabalho. O comércio mundial ganha novos contornos, com o início do processo de industrialização na América Latina e no Japão. A inflação surge definitivamente no cenário econômico internacional. Tem início a participação da mulher no mercado de trabalho e sua posterior emancipação, em conseqüência do seu papel decisivo no esforço de guerra. Entretanto, as esperanças de um novo tempo, sob o signo da democracia, logo são abandonadas.
Quase todo os países caem sob a forma de totalitarismos, do comunismo ao fascismo e nazismo.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

URSS na primeira metade do século XX


Resumo da história da URSS
1905 - 1917
Guerra russo-japonesa de 1904 provoca Revolução de 1905, Czar é obrigado a fazer concessões à Duma (Parlamento). Em 1906 inicia-se a contra-revolução e o czar recupera seus poderes autocráticos. Rússia na guerra mundial contra o Império alemão e austríaco (1914-18). Derrota russa e dissolução do exército. Agitação nas trincheiras e na cidades. Greves operárias e motins de fome.


STÁLIN
1917
Revolução de fevereiro em S.Peterbsurgo. Prisão do czar. Formação do governo provisório (príncipe Lvov e depois Kerenski). Retorno de Lenin do exílio. Acirra-se as diferenças entre mencheviques e bolcheviques. Golpe de estado bolchevique (em 25 de outubro). Derrubada do governo provisório, formação do governo dos sovietes. Início da ditadura bolchevique. Lenin chefe de estado e presidente do Comitê Central do Partido Bolchevique. Negociações de paz (Tratado de Brest-Litovsk) com a Alemanha para retirar a Rússia da guerra.
1918 - 1921
Guerra civil entre Vermelhos (bolcheviques) e Brancos (czaristas). Fuzilamento do czar e de sua família em Ekaterinburgo. Comunismo de Guerra (política de expropriações forçadas) País arrasado pela guerra. Criação da Tcheka (GPU). Fundação da IIIº Internacional socialista (Komintern). Trotski lidera o Exército Vermelho na vitória. Novo Manifesto Comunista. Ditadura do Partido Comunista sobre todo o país
1921 - 1924
Rebelião dos marinheiros do Kronstat. Fim do comunismo de guerra. Nova Economia Política: restauração de práticas capitalistas e abertura aos investimentos estrangeiros. Mudança definitiva da capital de Petrogrado para Moscou. Lenin líder absoluto do partido e do estado. Morte de Lenin (em janeiro de 1924). Petrogrado é rebatizada como Leningrado
1924 - 1928
Troika assume no lugar de Lenin (Stalin, Zinoviev e Kamenev) Trotski é excluído. Rivalidade entre Stalin (“socialismo num só país”) e Trotski (“revolução permanente”). Trotski e Zinoviev são banidos, proclamação do “socialismo num só país”. Início da autocracia de Stalin.
1929 - 1936
Planos Qüinqüenais. Projeto de industrialização acelerada do país. Coletivização das terras (kolkozes e solfkozes), eletrificação total, indústria pesada e controle sobre consumo. Campanha de educação elimina com analfabetismo. Formação de técnicos e administradores em massa. Tecnocracia apoiada por Stalin afasta os militantes partidários.
1936 - 1938
Grandes expurgos. Elite do Partido , do Exército e da Policia Secreta (NKVD) é eliminada. Processos contra Bukarin, Radeck, Piatakov e Tukashevski. Yezov e Iagoda.coordenam o Grande Terror (800 mil fuzilados). Ascensão de L.Beria (segundo homem mais importante). Domínio socio-politico da tecnocracia e da burocracia partidária que se materializa na autocracia stalinista
1939 - 1941
Pacto Germano-soviético de não-agressão (Pacto Ribbentrop- Molotov). Stalin acerta-se com Hitler em torno da Polônia (que será partilhada por ambos em 1939) e assina acordo econômico com a Alemanha nazista (máquinas e equipamentos por matérias-primas).

Béria, Molotov, Stalin, Voroshilov e Timoshenko
1941 - 1945
Invasão nazista destruiu Rússia ocidental: 20 milhões de mortos. Contra-ofensiva soviética iniciada em 1943 leva à conquista de Berlim. Todo o leste europeu cai sobre controle soviético. Partilha da Alemanha com aliados ocidentais. URSS super-potência mundial rivaliza com os E.U.A.
1945 - 1953
Guerra fria. Stalin retoma controle autocrático. Expurgo dos valores ocidentais.Apogeu do Culto à Personalidade. Ampliação do GULAG (sistema de campos de concentração). Política de reconstrução acelerada e corrida armamentista. Deslocamento de povos e etnias suspeitas de colaboracionismo. Bomba atômica soviética (1949). Morte de Stalin provoca comoção nacional. Início do “degelo”. Em 1956, Krushev denuncia Stalin e sua política no 20º Congresso do PCURSS. princípio da desestalinização.

Primeiras civilizações

As principais civilizações da Antigüidade oriental são a suméria, assíria, acadiana, egípcia, hebraica, fenícia, hitita e persa. Os cretenses, apesar de estarem localizados no ocidente, apresentam características comuns a outros povos da Antigüidade oriental.
Mesopotâmia – Compreende a região entre os rios Tigre e Eufrates (atualmente parte do Iraque) conhecida como Mesopotâmia – terra entre rios, em grego. É habitada desde 5.000 a.C. por tribos de origem semita. Entre 3.200 e 2.000 a.C. povos de outras origens, como os sumérios, acadianos, assírios, elamitas e caldeus, migram para a região e fundam cidades-Estado independentes. Em 331 a.C. a região é dominada por Alexandre, o Grande, da Macedônia.
Sumérios
Instalam-se ao sul da Mesopotâmia entre 3.200 e 2.800 a.C. Têm origem incerta. Surgem possivelmente no vale do rio Indo. Fundam cidades-Estado como Nippur, Kish, Ur, Uruk e Lagash. Dominam os semitas até 2.300 a.C., quando são vencidos pelos acadianos. Restabelecem sua hegemonia em 2.050 a.C., mas não resistem à invasão dos semitas do deserto, em 1.950 a.C.
Economia e sociedade sumérias – Desenvolvem a agricultura, com técnicas de irrigação, construção de canais, diques e reservatórios e a utilização de instrumentos de tração animal. Empregam a metalurgia do bronze. Utilizam carros com rodas e desenvolvem atividades comerciais com outras cidades.
Organização política suméria – O centro político e religioso é representado pelo templo, que funciona também como núcleo econômico (fabricação de tijolos e ladrilhos, depósito de tributos e oferendas, empréstimos). Sua autoridade máxima é o rei, também sumo sacerdote, com poder político e militar hereditário. Os sacerdotes são responsáveis pela administração do templo.
Cultura e religião sumérias – Criam a escrita cuneiforme (gravação com estilete sobre tábua de argila) e desenvolvem a cerâmica e a estatuária de pedra e metal. Possuem um sistema numérico sexagesimal para medir o dia (24 horas, 60 minutos e 60 segundos). Dividem o círculo em 360 graus e o ano em 12 meses. Praticam uma religião politeísta, na qual coexistem os deuses da natureza e os deuses ligados aos sentimentos.
Acadianos
Originam-se de tribos semitas que habitam o vale mesopotâmico desde 2.400 a.C. Infiltram-se nas cidades-Estado sumérias, até conquistar Kish. Estabelecem Akad como cidade hegemônica e ampliam seu domínio sobre a Mesopotâmia meridional, Elam e parte da Ásia Menor, formando os Estados de Isin, Larsa e Babilônia.
Primeiro Império Babilônico – Forma-se a partir de 1.728 a.C., sob o reinado de Hamurabi, depois de campanhas militares contra cidades e povos vizinhos. Babel torna-se a capital do império e pólo econômico e cultural. As principais obras literárias mesopotâmicas são transcritas para o acadiano. Em 1.513 a.C., o império babilônico é derrotado e saqueado pelos hititas, povo procedente da Capadócia, na Ásia Menor. Depois são dominados pelos cassitas, elamitas e assírios. Código de Hamurabi
Hamurabi (1.728 a.C.-1.686 a.C.), sexto rei da primeira dinastia babilônica (amorritas), é o fundador do Primeiro Império Babilônico. Consegue unificar os semitas e os sumérios. Durante seu governo, cerca a capital com muralhas, impulsiona a agricultura, restaura os templos mais importantes e institui impostos e tributos em benefício das obras públicas. É autor do famoso código penal, o mais antigo da História, que leva seu nome. O Código de Hamurabi estabelece regras de vida e de propriedade, estendendo a lei a todos os súditos do império. Determina penas para as infrações, baseadas na lei de talião (olho por olho, dente por dente).
Sociedade acadiana – Na política, os acadianos criam um Estado centralizado e avançam na arte militar. Desenvolvem a tática do deserto, com armamento leve, como o venábulo (lança), e grande mobilidade. Na religião, estabelecem novos deuses e passam a divinizar também o rei.
Segundo Império Babilônico – Entre 2.000 e 700 a.C, o império assírio, de grande poder bélico, estende seus limites ao Mediterrâneo, às montanhas armênias, às costas do mar Negro, Chipre, Egito e Núbia. Em 625 a.C., a Babilônia, Estado acadiano, invade o território assírio, destrói todas as cidades e extermina seus habitantes. A conquista da Assíria aumenta o poder da Babilônia, que se torna a mais notável cidade do oriente. O progresso econômico permite o seu embelezamento, com a construção de palácios, templos e dos famosos jardins suspensos. Em 539 a.C., Ciro, rei dos Persas, conquista a Babilônia.
Nabucodonosor (604 a.C-562 a.C), também conhecido como Nebuchadrezar II, filho do general Nabopolasar. Dá continuidade à época de prosperidade e hegemonia babilônicas. Durante seu reinado de 42 anos, a Babilônia atinge seu período mais glorioso e fica conhecida como a "Rainha da Ásia". Constrói a Torre de Babel e os famosos Jardins Suspensos. Líder militar de grande energia e crueldade, aniquila os fenícios, derrota os egípcios e obtém a hegemonia no Oriente Médio. Em 598 a.C. conquista Jerusalém e realiza a primeira deportação de judeus, que seguem para a Mesopotâmia, no episódio conhecido como "o cativeiro da Babilônia".
Assírios
Resultam da mestiçagem entre povos semitas, que emigram da Samaria (região da Palestina), e povos que habitam o Tigre superior, por volta de 2.500 a.C. Constroem Assur e Nínive, suas principais cidades-Estado.
Economia e religião dos assírios – A propriedade da terra é repartida entre a casta sacerdotal, rei e nobreza. Escravos e servos semilivres realizam o trabalho na agricultura e no artesanato. A agricultura se desenvolve com o surgimento da horticultura e com o aperfeiçoamento técnico do arado. Politeístas, possuem um deus supremo, Assur. Constroem imensos palácios e esculturas monumentais.
Egípcios
O vale do rio Nilo, com terras negras e férteis, é a base da civilização egípcia. A fertilidade resulta da inundação anual do rio (julho a outubro) e da deposição do húmus quando as águas baixam.
Unificação egípcia – A agricultura e o intercâmbio de produtos estimulam a sedentarização e a miscigenação das tribos, que formam, no vale do Nilo, um único povo, diferente dos beduínos que habitam o deserto. Durante o Neolítico, são construídas cidades-Estado sobre o eixo fluvial, como Tebas, Mênfis e Tânis, que se relacionam ativamente. Elas se unificam por volta de 3.000 a.C., introduzindo uma monarquia centralizada na figura do faraó, soberano hereditário e absoluto, considerado uma encarnação divina. As cidades-Estado são transformadas em nomos, divisões administrativas da monarquia, governadas por nomarcas.
Expansão e declínio do Egito – Até 2.700 a.C. o Egito se mantém relativamente isolado de outros povos. As incursões contra os beduínos do Sinai e a conquista das minas de cobre e pedras preciosas, por volta de 2.000 a.C., constituem os primeiros passos para romper esse isolamento. Entretanto, disputas internas e a invasão dos hicsos, povo de origem caucasiana, interrompem essa expansão. Só após a expulsão dos hicsos, em 1.600 a.C., os egípcios se lançam na conquista de territórios da Mesopotâmia, Síria, Palestina, Chipre, Creta e ilhas do mar Egeu. Em sentido contrário, o Egito sofre o assédio de gregos, filisteus, etíopes, assírios, persas, macedônios e romanos. Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, invade o Egito. Em 30 a.C. tem início o domínio romano.
Economia e sociedade egípcias – A agricultura e o intercâmbio de produtos naturais são a base da economia. Após a unificação, a terra passa dos clãs à propriedade do faraó, nobres e sacerdotes. Os membros dos clãs são transformados em servos. As incursões em direção à Núbia, Somália, Sinai e Biblos introduzem o trabalho escravo nas minas e na construção dos palácios, templos e pirâmides.Ciência e cultura egípcias – Destacam-se na astronomia (elaboram o primeiro calendário lunar), arquitetura, engenharia e matemática, lançando os fundamentos da geometria e do cálculo complexo. Criam as escritas hieroglífica (com ideogramas), hierática (para uso religioso) e demótica (para fins comuns). Desenvolvem técnicas de irrigação e de construção de embarcações.
Religião egípcia – Politeísta e antropozoomórfica (deuses representados por corpo ou cabeça de animais). Aos poucos ganha predominância o culto ao deus Sol, com diferentes simbologias nas cidades-Estado. Acreditam no julgamento após a morte e na reencarnação, fazendo oferendas aos defuntos. Entre 1.377 e 1.358 a.C., Amenófis IV introduz o monoteísmo, representado no culto a Aton, excluindo as divindades locais. O monoteísmo é abolido após sua morte.


O Egito e as águas sagradas do Nilo

O rio Nilo, o maior rio em extensão do mundo, também é o responsável direto por manter a continuidade de uma das mais antigas culturas que temos registro, a cultura egípcia. Saiba um pouco da sua história e do simbolismo das suas colossais construções.

José e as pragas do Egito

O hebreu José ainda estava encarcerado, vítima da perfídia da mulher de Putifar, quando o Faraó mandou chamá-lo para esclarecer um mistério. Precisava de alguém que lhe interpretasse um sonho que o atormentava há algum tempo. Nele o faraó estava à beira do rio Nilo e viu por ali passar sete vacas gordas que, em pouco tempo, foram devoradas por outras sete vacas magras. Em seguida, deparou-se ele com sete belas espigas de trigo para igualmente vê-las desaparecer engolidas por outras sete mirradas espigas.



Osíris e Horus cabeça-de-falcão

José, que tinha o dom da adivinhação, disse ao imperador que se tratava de uma mensagem divina. Deus, por meio da sua estranha linguagem onírica, avisava o Faraó para que se precavesse. Haveria no Egito sete anos de abundância e, em seguida, sete anos de fome. José aconselhou-o então que mandasse recolher tudo o que fosse possível na época da anunciada bonança, porque os sete anos futuros seriam de estiagem generalizada.
Tão impressionado ficou sua majestade que, rebatizando com o nome de Sefenat Fanec, encarregou o visionário hebreu de assumir uma função plenipotenciária, responsabilizando-o doravante pelo sucesso do armazenamento dos mantimentos, dando assim os começos da vida de sucesso de José (Gênesis, 37-50)

O Faraó e o Nilo

Este sonho em si sintetiza tudo na vida do Egito Antigo. Nele encontram-se os diversos elementos que compõem sua história: o Faraó como interlocutor entre os deuses e os homens; a banal e antiquíssima crença de que o sobrenatural se comunica com o natural através dos sonhos; a dependência que a população tinha da carne e do trigo e, finalmente a magna presença do rio Nilo.
E anuncia também a referência mágica do número sete. Algarismo de profundo significado hermético. Foi este número que orientou o faraó Ramsés II a que desse início entre os séculos 14 e 13 e a.C. na construção de sete templos sagrados espalhados pelas ribeiras do Nilo. Um deles Beit el-Wali, outro em Gerf Hussein, mais outro em el -Sebua, em el-Derr, os magníficos templos de Abu Simbel (onde ele se fez reproduzir em forma colossal), Aksha e, finalmente, o de Ibsambul.
Durante muito tempo os arqueólogos quebraram a cabeça para entender seu significado, até concluírem que aquelas construções tratavam-se de “casas divinas” só acessíveis aos sacerdotes, aos sábios e ao próprio faraó, erguido para afirmar e assegurar a regularidade das preciosas cheias do rio.

Os deuses

Para os egípcios havia uma sagrada simbiose entre o Nilo e todos os reinos vivos da Terra. Nada havia na natureza que dele não dependesse. Tão forte era a crença que em todas as suas representações sagradas os seus deuses são pintados ou esculpidos de maneira zooantropomórficos, isto é , têm simultaneamente forma humana e animal: Bastet, a deusa da guerra, tem uma cabeça de leoa; Thot, deusa da escrita, uma de Íbis; Hátor, a deusa das mulheres e do céu, tem chifres de vaca e mesmo Rá, o deus-sol, um dos mais cultuados, ostenta sobre o disco solar , uma cabeça de falcão.
Imaginavam eles que a vida tivesse emergido dos pântanos e concebiam a existência como uma harmonia entre o mundo humano, o animal e o vegetal. Bem ao contrário da cultura ocidental (que as separa em esferas distintas - reservando a superior para os humanos e a inferior para as demais), eles não faziam distinções entre os reinos. Tudo dotado de vida era uma manifestação do sagrado.