sexta-feira, 2 de maio de 2008

Revolta da Vacina

Jornal da época criticando Osvaldo Cruz
A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de Novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica.Decidido a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves (1902-1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr.Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitário.O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota abaixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia.Oswaldo Cruz, convidado a assumir a Direção Geral da Saúde Pública, criou as Brigadas Mata Mosquitos, grupos de funcionários do Serviço Sanitário que invadiam as casas para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Iniciou também a campanha de extermínio de ratos considerados os principais transmissores da peste bubônica, espalhando raticidas pela cidade e mandando o povo recolher o lixo.No domingo, dia 13, o centro do Rio de Janeiro transforma-se em campo de batalha: era a rejeição popular à vacina contra a varíola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina, mas que foi muito além do que isto.Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo (as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população, que se rebelou.A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo sido erradicada da capital.

Guerra de Canudos


A chamada Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou insurreição de Canudos, foi um movimento de fundo sócio-religioso, que durou de 1893 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado daBahia.

A chamada Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou insurreição de Canudos, foi um movimento de fundo sócio-religioso, reprimido militarmente, que durou de 1893 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no Brasil.
O episódio foi fruto de uma série de fatores como a grave crise econômica e social em que encontrava a região à época, históricamente caracterizada pela presença de latifúndios improdutivos, situação essa agravada pela ocorrência de secas cíclicas, de desemprego crônico; pela crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social.
Inicialmente, em Canudos, os sertanejos não contestavam o regime republicano recém-adotado no país; houve apenas mobilizações esporádicas contra a municipalização da cobrança de impostos. A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomodaram-se com uma nova cidade independente e com a constante migração de pessoas e valores para aquele novo local passaram a acusá-los disso, ganhando, desse modo, o apoio da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra o arraial de Canudos e os seus habitantes.
Aos poucos, construiu-se em torno de Antônio Conselheiro e seus adeptos uma imagem equivocada de que todos eram "perigosos monarquistas" a serviço de potências estrangeiras, querendo restaurar no país o regime imperial, devido, entre outros ao fato de o Exército Brasileiro sair derrotado em três expedições, incluindo uma comandada pelo Coronel Antônio Moreira César, também conhecido como "corta-cabeças" pela fama de ter mandado executar mais de cem pessoas , expedição que contou com mais de mil homens. A derrota das tropas do Exército nas primeiras expedições contra o povoado apavorou o país, e deu legitimidade para a perpetração deste massacre que culminou com a morte de mais de seis mil sertanejos. Todas as casas foram queimadas e destruídas.
O conflito foi retratado no livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha

República Velha

REPÚBLICA VELHA
Introdução
O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro.
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca, tornou-se Chefe do Governo Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente : Floriano Peixoto. O militar Floriano, em seu governo, intensificou a repressão aos que ainda davam apoio à monarquia.
A Constituição de 1891
( Primeira Constituição Republicana )Após o início da República havia a necessidade da elaboração de uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da monarquia. A constituição de 1891, garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos ( mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora ). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.
O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos seguintes partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite agrária do país.Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas que beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os fazendeiros de café do oeste paulista.
Política do Café-com-Leite
A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Gerais e São Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por isso, dominavam o cenário político da República. Saídos das elites mineiras e paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola, principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que estava em expansão neste período.Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu o crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por outro, acabou provocando um abandono das outras regiões do país. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos e tiveram seus problemas sociais agravados.
Política dos Governadores
Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.
O coronelismo
A figura do "coronel" era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, onde o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo de violência para que os eleitores de seu "curral eleitoral" votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros "recursos" para conseguir seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.
O Convênio de Taubaté
Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.
A crise da República Velha e o Golpe de 1930
Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas. Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.
Galeria dos Presidente da República Velha : Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894), Prudente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898), Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) , Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906), Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909), Nilo Peçanha(14/06/1909 a 15/11/1910), Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914), Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918), Delfim Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919), Epitácio Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922),Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926), Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Iluminismo

Corrente de pensamento, também chamada de Ilustração, dominante no século XVIII, especialmente na França, sua principal característica é creditar à razão a capacidade de explicar racionalmente os fenômenos naturais e sociais e a própria crença religiosa. A razão humana seria então a luz (daí o nome do movimento) capaz de esclarecer qualquer fenômeno. Representa a hegemonia intelectual da visão de mundo da burguesia européia e, assim, rejeita as tradições e ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do Antigo Regime, abrindo caminho para a Revolução Francesa. Tem início no Renascimento, com a descoberta da razão como chave para o entendimento do mundo, e seu ponto alto no século XVIII, o Século das Luzes, difundido nos clubes, salões literários e nas lojas maçônicas. Fornece o lema principal da Revolução Francesa: "Liberdade, igualdade, fraternidade".

Contexto histórico – O Iluminismo surge em uma época de grandes transformações tecnológicas, com a invenção do tear mecânico, da máquina a vapor, entre outras. É o período que marca o fim da transição entre feudalismo e capitalismo.

Características principais – O iluminismo é deísta, isto é, acredita na presença de Deus na natureza e no homem e no seu entendimento através da razão. É anticlerical, pois nega a necessidade de intermediação da Igreja entre o homem e Deus e prega a separação entre Igreja e Estado. Afirma que as relações sociais, como os fenômenos da natureza, são reguladas por leis naturais.

Visão do homem – Para os teóricos do Iluminismo o homem é naturalmente bom e todos nascem iguais. É corrompido pela sociedade, em conseqüência das injustiças, opressão e escravidão. A solução é transformar a sociedade, garantindo a todos a liberdade de expressão e culto e fornecendo mecanismos de defesa contra o arbítrio e a prepotência.

Organização da sociedade – Deve ser norteada pelo princípio da busca da felicidade. Cabe ao governo garantir os "direitos naturais": liberdade individual, direito de posse, tolerância, igualdade perante a lei. A doutrina do liberalismo político substitui a noção de poder divino pela concepção do Estado como criação do homem e entregue ao soberano mediante um contrato, o contrato social. Como a idéia de contrato implica sua revogabilidade, abre as portas para diversas formas de governo.

Formas de governo – Alguns iluministas, como Montesquieu e Voltaire, têm como modelo a monarquia inglesa. Outros, como Rousseau, preferem uma república com fundamentos éticos.
Precursores dos iluministas – Os principais são René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês, defensor do método lógico e racional para construir o pensamento científico; e Isaac Newton (1642-1727), cientista inglês, descobridor de várias leis físicas, entre elas a lei da gravidade. Para Newton, a função da ciência é descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.
Montesquieu
Filósofos do Iluminismo – Os principais são John Locke (1632-1704); Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet (1694-1778); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); Montesquieu, como é conhecido o escritor francês Charles Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu (1689-1755); e Denis Diderot (1713-1784). John Locke é considerado o "pai do Iluminismo". Representa o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. Para Locke, o homem, ao nascer, não possui qualquer idéia e sua mente é como uma tábula rasa. O conhecimento, em decorrência, é adquirido por meio dos sentidos, base do empirismo, e processado pela razão. Voltaire critica violentamente a Igreja e a intolerância religiosa e é o símbolo da liberdade de pensamento. Defende uma monarquia que garanta as liberdades individuais, sob o comando de um soberano esclarecido. Rousseau propõe um Estado governado de acordo com a vontade geral do povo e capaz de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Montesquieu prega a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário, como forma de proteger as garantias individuais. Diderot, ao lado do físico e filósofo Jean Le Rond d'Alembert (1717-1783), organiza uma enciclopédia que pretende reunir o conhecimento científico e filosófico da época. Por essa razão os iluministas também são conhecidos como "enciclopedistas".
Rousseau
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasce em Genebra, na Suíça, mas se transfere para a França. É o iluminista mais radical, precursor das idéias socialistas, ao contestar a propriedade privada, e do romantismo, ao afirmar o primado dos sentimentos sobre a razão. Fica órfão de mãe aos 10 anos de idade, é abandonado pelo pai, de origem calvinista, e entregue aos cuidados de um pastor. Em sua obra mais conhecida, O contrato social, defende um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em bases democráticas. No Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (1755), outra de suas obras, realça os valores da vida natural e critica o mundo civilizado. Para Rousseau o homem nasce bom e sem vícios – o bom selvagem – mas depois é pervertido pela sociedade civilizada. Defende a pequena burguesia e inspira os ideais da Revolução Francesa. No livro Emílio apresenta seu projeto educacional para manter o homem bom. Tem cinco filhos, todos entregues a orfanatos.

John Locke (1632-1704) filósofo inglês, precursor do Iluminismo. Estuda medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford, principalmente as obras de Bacon e Descartes. Participa da Revolução Inglesa, em 1688. Passa vários anos na França e na Holanda. Volta à Inglaterra quando Guilherme de Orange sobe ao trono. Representante do individualismo liberal, em sua principal obra, Ensaio sobre o entendimento humano, de 1690, propõe que a experiência é a fonte do conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão.

A Enciclopédia – É planejada em 1750 por Diderot e pelo físico e filósofo Jean Le Rond d'Alembert (1717-1783), sob o título Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios. Sua publicação sofre violenta campanha contrária da Igreja e de grupos políticos afinados com o clero. Entre 1751 e 1772 são publicados 17 volumes de texto e 11 de pranchas de ilustração. É de inspiração racionalista e materialista, propõe a imediata separação da Igreja do Estado e combate às superstições e às diversas manifestações do pensamento mágico, entre elas as instituições religiosas. Sofre intervenção da censura e condenação papal, mas acaba por exercer grande influência no mundo intelectual e inspira os líderes da Revolução Francesa. Os mais importantes colaboradores são: Montesquieu e Voltaire (literatura), Condillac e Condorcet (filosofia), Rousseau (música), Buffon (ciências naturais), Quesnay e Turgot (economia), Holbach (química), Diderot (história da filosofia), D'Alembert (matemática).

Teorias econômicas – Aplicado à vida social e política, o Iluminismo produz duas correntes de pensamento, a fisiocracia e o liberalismo econômico.
Fisiocratas – São contrários à intervenção do Estado na vida econômica. O mais importante representante da escola fisiocrata é François Quesnay (1694-1774), médico francês que defende a existência de um poder natural em ação nas sociedades, que não deve ser contrariado por leis e regulamentos. É partidário de um capitalismo agrário, com o aumento da produção agrícola, única solução para gerar riquezas para uma nação.
Liberalismo econômico – Seu principal inspirador é o economista escocês Adam Smith, considerado o pai da economia política, autor de O ensaio sobre a riqueza das nações, obra fundamental da literatura econômica. Ataca a política mercantilista por ser baseada na intervenção estatal e sustenta a necessidade de uma economia dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado, o laissez-faire. Para Adam Smith, a verdadeira riqueza das nações está no trabalho, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. O liberalismo econômico recebe, posteriormente, a colaboração do sociólogo e economista inglês Thomas Robert Malthus e do economista inglês David Ricardo.
Adam Smith (1723-1790), mais importante teórico do liberalismo econômico no século XVIII, nasce na Escócia e estuda em Glasgow e Oxford. Em 1751 é nomeado professor de lógica na Universidade de Glasgow e, no ano seguinte, assume a cátedra de filosofia moral. Publica Teoria dos sentimentos morais em 1759. Viaja à França e Suíça e, em 1763, entra em contato com os fisiocratas. Volta à Escócia e publica sua obra principal, Ensaio sobre a riqueza das nações (1776). Prega a não-intervenção do Estado na economia e um Estado limitado às funções de guardião da segurança pública, mantenedor da ordem e garantidor da propriedade privada. Defende a liberdade contratual, pela qual patrões e empregados são livres para negociar os contratos de trabalho.

Despotismo esclarecido
As idéias racionalistas e iluministas influenciam alguns governantes absolutistas, que pretendem governar segundo a razão e o interesse do povo, sem abandonar, porém, o poder absoluto. Os mais célebres são: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; o marquês de Pombal, ministro português; e Carlos III, da Espanha. Eles realizam reformas que ampliam a educação, garantem a liberdade de culto, estimulam a economia, fortalecem a igualdade civil, uniformizam a administração pública, introduzem a separação dos poderes judicial e executivo, mas mantêm a servidão da gleba e a autocracia, aguçando as contradições sociais e políticas.
Governo de Frederico II, da Prússia – Acontece de 1740 a 1786. Influenciado principalmente pelas idéias de Voltaire, permite liberdade de culto aos prussianos e torna obrigatório o ensino básico. Acaba com a tortura aos criminosos e organiza novo código legal. Permite a liberdade de expressão e estimula a construção e o desenvolvimento da indústria. Apesar dessas mudanças, a Prússia mantém o regime feudal.
Governo de Catarina II, da Rússia – No poder de 1759 a 1796 e, apesar de manter contato com muitos filósofos do Iluminismo, muda muito pouco a estrutura social e econômica da Rússia. Constrói escolas e hospitais e estimula a influência da cultura francesa na vida cultural do país. Autoriza a liberdade de culto e submete a Igreja ortodoxa ao Estado. A situação dos servos, porém, só piora, principalmente quando os proprietários conseguem ter o direito de condená-los à morte.
Governo de José II, da Áustria – Pode ser considerado o padrão de déspota esclarecido. Governa de 1780 a 1790 e nesse período acaba com a escravidão no país e a liberdade de culto religioso e garante emprego aos não-católicos. Promove a igualdade de todos perante a lei e às tarifas e reorganiza a estrutura de organização do Império. Introduz o serviço militar obrigatório e moderniza o Exército.
Marquês de Pombal (1699-1782), como é conhecido Sebastião José de Carvalho e Melo, estadista português que se destaca pela atuação como déspota esclarecido durante o governo de dom José I. Estuda direito, história e política. É nomeado secretário dos Negócios Estrangeiros de dom José I em 1750 e, em pouco tempo, adquire poderes absolutos por quase 30 anos. Fortalece o monopólio comercial e equilibra a balança comercial portuguesa. Reconstrói Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755, e transforma a capital em uma cidade moderna. Expulsa os jesuítas de Portugal e das colônias por se oporem às suas reformas educacionais. Abre Portugal para a influência do Iluminismo. Moderniza o ensino, cria a Imprensa Régia, bibliotecas e indústrias. Regulamenta o salário dos camponeses e o tamanho das propriedades rurais. Contestado por praticamente toda a nobreza e pelas elites coloniais é obrigado a se demitir com a morte de dom José I, em 1777.

Marquês de Pombal

1ª Guerra Mundial ( 1914-1918 )


A Primeira Guerra Mundial é o primeiro conflito armado que envolve diretamente as grandes potências do mundo. Dura de 1914 a 1918 e altera a organização social e política em âmbito mundial. Até então existem apenas conflitos envolvendo determinadas regiões do planeta.
Antecedentes da Primeira Guerra
Desde meados do século XIX acirra-se a disputa entre as potências imperialistas da Europa pelo controle das matérias-primas e dos mercados mundiais. Elas travam guerras contínuas e disputas por novos territórios.
Rivalidades econômicas e imperialismo – A entrada de novas potências industriais imperialistas no cenário internacional aguça as rivalidades entre seus interesses econômicos, em particular sobre a repartição dos mercados e territórios.
Explosão de nacionalismo – O nacionalismo das grandes potências desemboca num sistema de alianças para proteger-se da expansão das demais. O nacionalismo das nações colonizadas manifesta-se em ações violentas e pressões contra as potências coloniais. A crise dos Bálcãs, a partir de 1908, torna-se o foco das rivalidades imperialistas, em virtude da decadência do Império Otomano e da possibilidade da divisão de seus territórios. Os principais movimentos nacionalistas se desenvolvem na Europa e são o pan-eslavismo, o pangermanismo e o revanchismo francês.
Pan-eslavismo – Defende a união de todos os povos de origem eslava da Europa oriental, incluindo os que estão sob domínio do Império Austro-Húngaro. Manifesta-se a partir da Rússia, que busca uma saída para o mar Mediterrâneo.
Pangermanismo – Propõe a consolidação de um bloco de países de origem germânica. É liderado pela Alemanha.
Revanchismo francês – Em 1870 a França é derrotada ao tentar conter o expansionismo germânico e obrigada a ceder à Alemanha a Alsácia-Lorena, região rica em carvão e minério de ferro. Desde então cresce entre os franceses um movimento revanchista para recuperar o território cedido e "se vingar" da Alemanha.
Crise nos Bálcãs – Os enfrentamentos entre Sérvia e Áustria na península balcânica também colaboram para acirrar as diferenças nacionalistas entre os países da Europa. Apoiados pelos russos, os sérvios tentam conter a expansão da Áustria. Em 1908 a Áustria anexa a Bósnia-Herzegóvina impedindo que a Sérvia organize a Grande Sérvia, que incorporaria as regiões de povos eslavos. Sistema de alianças
No início do século XX o clima de tensão entre as grandes potências é tão grande que o conflito já se mostra inevitável. Os países procuram então organizar os exércitos, produzir armamentos e fazer acordos entre si para garantir força na disputa. Em 1907 estão formadas a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente.
Tríplice Aliança – Reúne a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália, a partir de 1882, com o objetivo de enfrentar o expansionismo francês na Europa. Durante a guerra, o Império Otomano incorpora-se a ela por sua aliança com a Alemanha e por suas rivalidades com a Rússia. A Bulgária, que tem grandes interesses nos Bálcãs, também se alia à Alemanha. A Itália, embora pertencente à Tríplice Aliança, declara-se neutra no início do conflito e depois, em 1915, passa para o lado de seus inimigos, apoiando a Tríplice Entente.
Tríplice Entente – Tem por base a Entente Cordiale, formada em 1904 pelo Reino Unido e pela França para opor-se ao expansionismo germânico. Em 1907, com a adesão da Rússia, ela se transforma na Tríplice Entente. Durante a guerra, outras 24 nações incorporam-se à Entente, formando uma ampla coalizão chamada de Aliados.
O mundo em guerra
O estopim do primeiro conflito mundial é o assassinato, em 28 de junho de 1914, do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco.
Assassinato de Francisco Ferdinando – Francisco José, imperador da Áustria-Hungria, chega aos 84 anos de idade e sua morte não causaria impacto na vida política do império, pois seu filho, o arquiduque Francisco Ferdinando, está pronto para assumir o poder. Por essa razão, o assassinato do arquiduque austríaco, em Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina, pelo estudante bósnio Gavrilo Princip é encarado como um ataque contra o império e a causa imediata da Primeira Guerra Mundial.
Objetivo dos conspiradores – O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro começa a ser preparado na capital da Sérvia, Belgrado, por militantes de uma sociedade secreta chamada Unidade ou Morte, mas conhecida popularmente como Mão Negra. O principal objetivo do grupo nacionalista sérvio é impedir a execução do plano de reorganização do Império planejado, segundo voz corrente nos meios políticos e diplomáticos, por Francisco Ferdinando.
Sérvia na parede – Aberto um inquérito para apurar as responsabilidades pelo atentado contra o arquiduque Francisco Ferdinando, as autoridades austríacas comprovam a existência de uma conspiração sérvia na orientação do crime. Em represália, no dia 23 de julho seguinte a Áustria envia documento ao governo sérvio exigindo duras providências oficiais. O governo austríaco pede o imediato fechamento dos jornais empenhados em propaganda contra a Áustria, a proscrição das sociedades secretas, a exclusão do governo e das Forças Armadas dos acusados de campanha anti-austríaca e a aceitação da cooperação de funcionários e militares austríacos no combate ao movimento contrário ao império dos Habsburgo.
Virtual rendição – A resposta do governo sérvio, a 25 de julho, representa praticamente a rendição da Sérvia, pois aceita quase integralmente as exigências austríacas. Nos meios diplomáticos, acredita-se no afastamento da ameaça de guerra. A Áustria, surpreendentemente, não aceita a resposta sérvia, rompendo as relações diplomáticas entre os dois países e mobilizando seu Exército. Os sérvios, entretanto, estão preparados para a intransigência austríaca e, junto com a resposta de 25 de julho, mobilizam suas Forças Armadas. A atitude austríaca é um sintoma do precário equilíbrio político europeu que antecede o assassinato de Francisco Ferdinando. Pouco antes do atentado, a Rússia, com a concordância da França, deixa claro à Áustria que não aceita qualquer medida de agressão à Sérvia. O governo alemão concorda com a necessidade de providências contra a Sérvia, como forma de limitar as desavenças na região, mas se coloca ao lado da Áustria, acreditando na neutralidade final da Rússia.
Declaração de guerra – Em 28 de julho de 1914 a Áustria declara guerra à Sérvia. A situação se agrava com a decisão russa de mobilizar suas tropas não apenas contra a Áustria, mas também contra a Alemanha. O kaiser alemão, Guilherme II, apela ao czar russo Nicolau II em favor da paz européia, mas a facção militarista russa convence o soberano a manter a mobilização. Diante da decisão do governo russo, a Alemanha envia um ultimato ao czar Nicolau II exigindo o cancelamento da ordem de mobilização. Em 1º de agosto o embaixador da Alemanha pede ao ministro das Relações Exteriores da Rússia que interceda a favor do atendimento do ultimato alemão, mas não encontra eco para sua proposta. Em resposta às negativas do ministro russo, o embaixador entrega uma declaração de guerra à Rússia. Enquanto isso, os emissários do kaiser também procuram as autoridades francesas, na tentativa de deter o conflito. O governo francês dá uma resposta dúbia ao governo alemão e, em seguida, ordena a mobilização de suas tropas. No dia 3 de agosto a Alemanha declara guerra à França.
Participação inglesa – No início das hostilidades, o Reino Unido parece neutro, mesmo com os dois outros integrantes da Tríplice Entente em estado de guerra. Mas a invasão da Bélgica pelos alemães, que não tinham outra forma de atingir a França, serve como pretexto para sua entrada no conflito. O governo inglês entra na guerra à meia-noite de 4 de agosto, alegando ser signatário de um tratado que garante a neutralidade do território belga.
Japão, Turquia e Itália – A guerra imediatamente envolve outras nações. Os montenegrinos socorrem os sérvios contra a Áustria, pois têm a mesma origem étnica. O Japão, de olho nas possessões alemãs no Extremo Oriente e escudado em uma aliança com o Reino Unido, alinha-se contra a Alemanha. A Turquia entra ao lado dos alemães e ataca os portos russos no mar Negro. A Itália mantém-se neutra, sob diversos subterfúgios, até maio de 1915, quando entra no conflito ao lado da Tríplice Entente, sob a promessa de receber parte de territórios da Áustria e da Turquia.
Propaganda da guerra – Líderes dos países envolvidos nos dois lados da conflagração se dizem movidos por motivos nobres. A Inglaterra fala na defesa das nações mais fracas. A França diz lutar pelos valores eternos do humanismo. O presidente norte-americano Woodrow Wilson garante que a Entente tem como missão salvar o mundo do militarismo. Até os socialistas europeus, que juram lutar contra as guerras promovidas pelos países capitalistas, se transformam em ardorosos patriotas guerreiros. No outro lado do campo de batalha, o kaiser diz que a guerra contra a Entente é a luta do bem contra o mal, sendo o bem a defesa de uma cultura superior, a alemã. Os socialistas alemães também são seduzidos pelos argumentos dos militaristas, acreditando que a guerra da Alemanha contra a Rússia vai contribuir para derrubar o czar.
Estratégia e técnicas de guerra – Na Frente Ocidental, da França ao mar do Norte, passando pela Suíça, a guerra estaciona por quatro anos. A Alemanha avança sobre a França, mas é contida nessa frente e os exércitos inimigos ocupam uma extensa malha de trincheiras, protegida por arame farpado, dedicando-se a ataques violentos e de efeitos locais.
Batalhas terrestres – O grosso da guerra é travado em combates terrestres, com o uso da artilharia e de tropas armadas de fuzis, baionetas e granadas. São também empregados lança-chamas e gases letais.
Novas armas – Desenvolvida em 1718 pelo inglês James Puckle, a metralhadora original disparava cerca de 10 tiros por minuto mas é aprimorada e chega ao século XX como uma das armas mais mortíferas da Segunda Guerra. Os tanques são empregados apenas a partir de 1916, sob a desconfiança dos chefes militares, ainda adeptos das armas e estratégias tradicionais. O avião também estréia, mas limitado a missões de reconhecimento e poucos, embora haja alguns combates aéreos.
Entrada dos Estados Unidos – Os Estados Unidos declaram guerra à Alemanha em abril de 1917, alegando lutar contra o autoritarismo e o militarismo. O pretexto para entrar no conflito ao lado da Entente é a declaração das autoridades da Alemanha reafirmando o uso generalizado de submarinos, inclusive ameaçando afundar sem aviso prévio os navios neutros a caminho dos portos britânicos. Os EUA também defendem a criação de uma liga das nações para regular as relações entre os povos, com o estabelecimento de um fórum capaz de substituir as maquinações diplomáticas. Mas o principal objetivo norte-americano é preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma possível hegemonia alemã.
Revolução Russa – As derrotas e perdas com a guerra levam a insatisfação à Rússia. Greves e conflitos obrigam o czar Nicolau II a renunciar e o poder, depois de dois governos provisórios, cai nas mãos dos bolcheviques, que instalam um Estado socialista. Em março de 1918, os bolcheviques fazem a paz em separado com a Alemanha pelo tratado de Brest-Litovsk.
Tentativas de paz – Algumas tentativas são feitas para alcançar a paz. Socialistas da Holanda e Escandinávia tentam montar uma conferência internacional para conseguir o término da guerra sem anexações ou indenizações. A idéia é encampada pelos partidos socialistas mais importantes da Europa, em ambos os lados da conflagração, mas a proposta é arquivada porque os governos da Entente vetam a participação dos delegados de seus países no encontro, marcado para Estocolmo. Uma idéia similar, do papa, também é recusada. Woodrow Wilson, no papel de porta-voz dos Aliados, descarta qualquer sugestão de paz que implique a manutenção do kaiser no governo alemão.
Os 14 Pontos – Em janeiro de 1918 o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, apresenta uma proposta de paz contida em 14 pontos: exigência da eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos; liberdade nos mares; abolição das barreiras econômicas entre os países; redução dos armamentos nacionais; redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados; retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; restauração da independência da Bélgica; restituição da Alsácia e Lorena à França; reformulação das fronteiras italianas; reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria; restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar para a Sérvia; reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo do povo da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o mar Negro ao Mediterrâneo; independência da Polônia; e criação da Liga das Nações.
Fim da guerra – Em julho de 1918 as forças inglesas, francesas e norte-americanas lançam um ataque definitivo contra os alemães, forçados a retroceder. A guerra já está virtualmente vencida pelos Aliados. A Bulgária retira-se do conflito e a Turquia se rende. O imperador Carlos I, sucessor de Francisco José, assina um armistício e a Áustria abandona o conflito. A guerra continua porque Wilson exige a deposição do kaiser, mesmo com os alemães aceitando a rendição com base nos 14 pontos.
Rendição alemã – A Alemanha continua a guerra sozinha. A falta de alimentos, causada pelo bloqueio aliado, e a precária situação de saúde da população civil deixam o país à beira de uma revolução social. Na Baviera é proclamada a República e o restante do país encontra-se sublevado. Um decreto anuncia a abdicação do kaiser, que foge para a Holanda. Um conselho provisório, chefiado por Friedrich Ebert, líder dos socialistas, assume o poder e negocia a rendição. Em 11 de novembro de 1918 o marechal Foch, comandante dos exércitos da Entente, assina o tratado de paz com os representantes da Alemanha.
Kaiser Guilherme II
Saldo da guerra – A guerra, mesmo sem grandes deslocamentos, mata 10 milhões e fere 20 milhões de soldados de ambos os lados do conflito. A Entente ganha porque detém o controle permanente das rotas navais e recebe apoio irrestrito em dinheiro, material bélico e provisões dos aliados e de dezenas de países neutros.
Tratado de Versalhes
A Conferência de Paz de Versalhes, realizada no palácio de Versalhes, em Paris, França, acontece de 1919 e 1920 com a participação das 27 nações vencedoras. O acordo resultante, o Tratado de Versalhes, é implacável com os vencidos. Os alemães são obrigados a aceitar essas condições, que serão o germe da Segunda Guerra Mundial. Os 440 itens espelham os interesses e vontades representados por Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos; David Lloyd George, primeiro-ministro britânico; e Georges Clemenceau, primeiro-ministro francês. Os 14 Pontos propostos por Wilson são praticamente postos de lado. Alguns pontos são modificados de tal forma que se tornam irreconhecíveis. O Tratado de Versalhes é assinado pelos representantes alemães, depois de inúmeros protestos e da ameaça de invasão da Alemanha pelos exércitos vencedores, em 28 de junho de 1919.
Liga das Nações – É criada em 28 de abril de 1919 com sede em Genebra, na Suíça. O presidente norte-americano Woodrow Wilson abdica de quase todas as suas propostas na Conferência de Versalhes com o objetivo de conseguir a criação da Liga das Nações. Para Wilson, a derrota da Alemanha significa a contensão do militarismo na Europa e a possibilidade de um fórum no qual pequenos e grandes países possam trabalhar pela paz mundial. A Liga das Nações, entretanto, irá fracassar por defeitos de origem. Para conseguir passar a sua idéia, Wilson é obrigado a fazer concessões que acabam por inviabilizar o organismo. O Japão, por exemplo, troca seu ingresso na Liga pelas antigas possessões alemãs na China. Já a França exige a exclusão da Alemanha e da Rússia. Por fim, é rejeitada pelos Estados Unidos, a nação de seu idealizador.
As imposições do Tratado – A Alemanha é obrigada a entregar à França a Alsácia e a Lorena, além de outros territórios à Dinamarca e à Polônia. As minas de carvão do Sarre são cedidas à França para exploração por 15 anos. O porto de Danzig é entregue à jurisdição da Liga das Nações e sua exploração à Polônia. A Alemanha é desarmada: entrega aos vencedores seus submarinos e navios, com poucas exceções; é proibida de ter aviação militar e marinha de guerra; o Exército é limitado a 100 mil homens. Como compensação pelas perdas e danos sofridos pelos países da Entente, os alemães são condenados a pagar a soma de US$ 33 bilhões, calculada em 1921. O Tratado de Versalhes trata quase exclusivamente da Alemanha. Outros acordos são assinados em separado com os seus aliados na guerra. O Império Austro-Húngaro é desmembrado e surgem a Tchecoslováquia, Hungria, Polônia e Iugoslávia.
Conseqüências da guerra – A Primeira Guerra Mundial, "a guerra destinada a acabar com todas as guerras", planta as sementes da Segunda Guerra Mundial. O nacionalismo e o militarismo não desaparecem e surgem novos totalitarismos. O conflito, entretanto, muda a face do mundo. As economias nacionais descobrem a necessidade de planejamento central e do uso mais racional dos materiais e da força de trabalho. O comércio mundial ganha novos contornos, com o início do processo de industrialização na América Latina e no Japão. A inflação surge definitivamente no cenário econômico internacional. Tem início a participação da mulher no mercado de trabalho e sua posterior emancipação, em conseqüência do seu papel decisivo no esforço de guerra. Entretanto, as esperanças de um novo tempo, sob o signo da democracia, logo são abandonadas.
Quase todo os países caem sob a forma de totalitarismos, do comunismo ao fascismo e nazismo.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

URSS na primeira metade do século XX


Resumo da história da URSS
1905 - 1917
Guerra russo-japonesa de 1904 provoca Revolução de 1905, Czar é obrigado a fazer concessões à Duma (Parlamento). Em 1906 inicia-se a contra-revolução e o czar recupera seus poderes autocráticos. Rússia na guerra mundial contra o Império alemão e austríaco (1914-18). Derrota russa e dissolução do exército. Agitação nas trincheiras e na cidades. Greves operárias e motins de fome.


STÁLIN
1917
Revolução de fevereiro em S.Peterbsurgo. Prisão do czar. Formação do governo provisório (príncipe Lvov e depois Kerenski). Retorno de Lenin do exílio. Acirra-se as diferenças entre mencheviques e bolcheviques. Golpe de estado bolchevique (em 25 de outubro). Derrubada do governo provisório, formação do governo dos sovietes. Início da ditadura bolchevique. Lenin chefe de estado e presidente do Comitê Central do Partido Bolchevique. Negociações de paz (Tratado de Brest-Litovsk) com a Alemanha para retirar a Rússia da guerra.
1918 - 1921
Guerra civil entre Vermelhos (bolcheviques) e Brancos (czaristas). Fuzilamento do czar e de sua família em Ekaterinburgo. Comunismo de Guerra (política de expropriações forçadas) País arrasado pela guerra. Criação da Tcheka (GPU). Fundação da IIIº Internacional socialista (Komintern). Trotski lidera o Exército Vermelho na vitória. Novo Manifesto Comunista. Ditadura do Partido Comunista sobre todo o país
1921 - 1924
Rebelião dos marinheiros do Kronstat. Fim do comunismo de guerra. Nova Economia Política: restauração de práticas capitalistas e abertura aos investimentos estrangeiros. Mudança definitiva da capital de Petrogrado para Moscou. Lenin líder absoluto do partido e do estado. Morte de Lenin (em janeiro de 1924). Petrogrado é rebatizada como Leningrado
1924 - 1928
Troika assume no lugar de Lenin (Stalin, Zinoviev e Kamenev) Trotski é excluído. Rivalidade entre Stalin (“socialismo num só país”) e Trotski (“revolução permanente”). Trotski e Zinoviev são banidos, proclamação do “socialismo num só país”. Início da autocracia de Stalin.
1929 - 1936
Planos Qüinqüenais. Projeto de industrialização acelerada do país. Coletivização das terras (kolkozes e solfkozes), eletrificação total, indústria pesada e controle sobre consumo. Campanha de educação elimina com analfabetismo. Formação de técnicos e administradores em massa. Tecnocracia apoiada por Stalin afasta os militantes partidários.
1936 - 1938
Grandes expurgos. Elite do Partido , do Exército e da Policia Secreta (NKVD) é eliminada. Processos contra Bukarin, Radeck, Piatakov e Tukashevski. Yezov e Iagoda.coordenam o Grande Terror (800 mil fuzilados). Ascensão de L.Beria (segundo homem mais importante). Domínio socio-politico da tecnocracia e da burocracia partidária que se materializa na autocracia stalinista
1939 - 1941
Pacto Germano-soviético de não-agressão (Pacto Ribbentrop- Molotov). Stalin acerta-se com Hitler em torno da Polônia (que será partilhada por ambos em 1939) e assina acordo econômico com a Alemanha nazista (máquinas e equipamentos por matérias-primas).

Béria, Molotov, Stalin, Voroshilov e Timoshenko
1941 - 1945
Invasão nazista destruiu Rússia ocidental: 20 milhões de mortos. Contra-ofensiva soviética iniciada em 1943 leva à conquista de Berlim. Todo o leste europeu cai sobre controle soviético. Partilha da Alemanha com aliados ocidentais. URSS super-potência mundial rivaliza com os E.U.A.
1945 - 1953
Guerra fria. Stalin retoma controle autocrático. Expurgo dos valores ocidentais.Apogeu do Culto à Personalidade. Ampliação do GULAG (sistema de campos de concentração). Política de reconstrução acelerada e corrida armamentista. Deslocamento de povos e etnias suspeitas de colaboracionismo. Bomba atômica soviética (1949). Morte de Stalin provoca comoção nacional. Início do “degelo”. Em 1956, Krushev denuncia Stalin e sua política no 20º Congresso do PCURSS. princípio da desestalinização.

Primeiras civilizações

As principais civilizações da Antigüidade oriental são a suméria, assíria, acadiana, egípcia, hebraica, fenícia, hitita e persa. Os cretenses, apesar de estarem localizados no ocidente, apresentam características comuns a outros povos da Antigüidade oriental.
Mesopotâmia – Compreende a região entre os rios Tigre e Eufrates (atualmente parte do Iraque) conhecida como Mesopotâmia – terra entre rios, em grego. É habitada desde 5.000 a.C. por tribos de origem semita. Entre 3.200 e 2.000 a.C. povos de outras origens, como os sumérios, acadianos, assírios, elamitas e caldeus, migram para a região e fundam cidades-Estado independentes. Em 331 a.C. a região é dominada por Alexandre, o Grande, da Macedônia.
Sumérios
Instalam-se ao sul da Mesopotâmia entre 3.200 e 2.800 a.C. Têm origem incerta. Surgem possivelmente no vale do rio Indo. Fundam cidades-Estado como Nippur, Kish, Ur, Uruk e Lagash. Dominam os semitas até 2.300 a.C., quando são vencidos pelos acadianos. Restabelecem sua hegemonia em 2.050 a.C., mas não resistem à invasão dos semitas do deserto, em 1.950 a.C.
Economia e sociedade sumérias – Desenvolvem a agricultura, com técnicas de irrigação, construção de canais, diques e reservatórios e a utilização de instrumentos de tração animal. Empregam a metalurgia do bronze. Utilizam carros com rodas e desenvolvem atividades comerciais com outras cidades.
Organização política suméria – O centro político e religioso é representado pelo templo, que funciona também como núcleo econômico (fabricação de tijolos e ladrilhos, depósito de tributos e oferendas, empréstimos). Sua autoridade máxima é o rei, também sumo sacerdote, com poder político e militar hereditário. Os sacerdotes são responsáveis pela administração do templo.
Cultura e religião sumérias – Criam a escrita cuneiforme (gravação com estilete sobre tábua de argila) e desenvolvem a cerâmica e a estatuária de pedra e metal. Possuem um sistema numérico sexagesimal para medir o dia (24 horas, 60 minutos e 60 segundos). Dividem o círculo em 360 graus e o ano em 12 meses. Praticam uma religião politeísta, na qual coexistem os deuses da natureza e os deuses ligados aos sentimentos.
Acadianos
Originam-se de tribos semitas que habitam o vale mesopotâmico desde 2.400 a.C. Infiltram-se nas cidades-Estado sumérias, até conquistar Kish. Estabelecem Akad como cidade hegemônica e ampliam seu domínio sobre a Mesopotâmia meridional, Elam e parte da Ásia Menor, formando os Estados de Isin, Larsa e Babilônia.
Primeiro Império Babilônico – Forma-se a partir de 1.728 a.C., sob o reinado de Hamurabi, depois de campanhas militares contra cidades e povos vizinhos. Babel torna-se a capital do império e pólo econômico e cultural. As principais obras literárias mesopotâmicas são transcritas para o acadiano. Em 1.513 a.C., o império babilônico é derrotado e saqueado pelos hititas, povo procedente da Capadócia, na Ásia Menor. Depois são dominados pelos cassitas, elamitas e assírios. Código de Hamurabi
Hamurabi (1.728 a.C.-1.686 a.C.), sexto rei da primeira dinastia babilônica (amorritas), é o fundador do Primeiro Império Babilônico. Consegue unificar os semitas e os sumérios. Durante seu governo, cerca a capital com muralhas, impulsiona a agricultura, restaura os templos mais importantes e institui impostos e tributos em benefício das obras públicas. É autor do famoso código penal, o mais antigo da História, que leva seu nome. O Código de Hamurabi estabelece regras de vida e de propriedade, estendendo a lei a todos os súditos do império. Determina penas para as infrações, baseadas na lei de talião (olho por olho, dente por dente).
Sociedade acadiana – Na política, os acadianos criam um Estado centralizado e avançam na arte militar. Desenvolvem a tática do deserto, com armamento leve, como o venábulo (lança), e grande mobilidade. Na religião, estabelecem novos deuses e passam a divinizar também o rei.
Segundo Império Babilônico – Entre 2.000 e 700 a.C, o império assírio, de grande poder bélico, estende seus limites ao Mediterrâneo, às montanhas armênias, às costas do mar Negro, Chipre, Egito e Núbia. Em 625 a.C., a Babilônia, Estado acadiano, invade o território assírio, destrói todas as cidades e extermina seus habitantes. A conquista da Assíria aumenta o poder da Babilônia, que se torna a mais notável cidade do oriente. O progresso econômico permite o seu embelezamento, com a construção de palácios, templos e dos famosos jardins suspensos. Em 539 a.C., Ciro, rei dos Persas, conquista a Babilônia.
Nabucodonosor (604 a.C-562 a.C), também conhecido como Nebuchadrezar II, filho do general Nabopolasar. Dá continuidade à época de prosperidade e hegemonia babilônicas. Durante seu reinado de 42 anos, a Babilônia atinge seu período mais glorioso e fica conhecida como a "Rainha da Ásia". Constrói a Torre de Babel e os famosos Jardins Suspensos. Líder militar de grande energia e crueldade, aniquila os fenícios, derrota os egípcios e obtém a hegemonia no Oriente Médio. Em 598 a.C. conquista Jerusalém e realiza a primeira deportação de judeus, que seguem para a Mesopotâmia, no episódio conhecido como "o cativeiro da Babilônia".
Assírios
Resultam da mestiçagem entre povos semitas, que emigram da Samaria (região da Palestina), e povos que habitam o Tigre superior, por volta de 2.500 a.C. Constroem Assur e Nínive, suas principais cidades-Estado.
Economia e religião dos assírios – A propriedade da terra é repartida entre a casta sacerdotal, rei e nobreza. Escravos e servos semilivres realizam o trabalho na agricultura e no artesanato. A agricultura se desenvolve com o surgimento da horticultura e com o aperfeiçoamento técnico do arado. Politeístas, possuem um deus supremo, Assur. Constroem imensos palácios e esculturas monumentais.
Egípcios
O vale do rio Nilo, com terras negras e férteis, é a base da civilização egípcia. A fertilidade resulta da inundação anual do rio (julho a outubro) e da deposição do húmus quando as águas baixam.
Unificação egípcia – A agricultura e o intercâmbio de produtos estimulam a sedentarização e a miscigenação das tribos, que formam, no vale do Nilo, um único povo, diferente dos beduínos que habitam o deserto. Durante o Neolítico, são construídas cidades-Estado sobre o eixo fluvial, como Tebas, Mênfis e Tânis, que se relacionam ativamente. Elas se unificam por volta de 3.000 a.C., introduzindo uma monarquia centralizada na figura do faraó, soberano hereditário e absoluto, considerado uma encarnação divina. As cidades-Estado são transformadas em nomos, divisões administrativas da monarquia, governadas por nomarcas.
Expansão e declínio do Egito – Até 2.700 a.C. o Egito se mantém relativamente isolado de outros povos. As incursões contra os beduínos do Sinai e a conquista das minas de cobre e pedras preciosas, por volta de 2.000 a.C., constituem os primeiros passos para romper esse isolamento. Entretanto, disputas internas e a invasão dos hicsos, povo de origem caucasiana, interrompem essa expansão. Só após a expulsão dos hicsos, em 1.600 a.C., os egípcios se lançam na conquista de territórios da Mesopotâmia, Síria, Palestina, Chipre, Creta e ilhas do mar Egeu. Em sentido contrário, o Egito sofre o assédio de gregos, filisteus, etíopes, assírios, persas, macedônios e romanos. Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, invade o Egito. Em 30 a.C. tem início o domínio romano.
Economia e sociedade egípcias – A agricultura e o intercâmbio de produtos naturais são a base da economia. Após a unificação, a terra passa dos clãs à propriedade do faraó, nobres e sacerdotes. Os membros dos clãs são transformados em servos. As incursões em direção à Núbia, Somália, Sinai e Biblos introduzem o trabalho escravo nas minas e na construção dos palácios, templos e pirâmides.Ciência e cultura egípcias – Destacam-se na astronomia (elaboram o primeiro calendário lunar), arquitetura, engenharia e matemática, lançando os fundamentos da geometria e do cálculo complexo. Criam as escritas hieroglífica (com ideogramas), hierática (para uso religioso) e demótica (para fins comuns). Desenvolvem técnicas de irrigação e de construção de embarcações.
Religião egípcia – Politeísta e antropozoomórfica (deuses representados por corpo ou cabeça de animais). Aos poucos ganha predominância o culto ao deus Sol, com diferentes simbologias nas cidades-Estado. Acreditam no julgamento após a morte e na reencarnação, fazendo oferendas aos defuntos. Entre 1.377 e 1.358 a.C., Amenófis IV introduz o monoteísmo, representado no culto a Aton, excluindo as divindades locais. O monoteísmo é abolido após sua morte.


O Egito e as águas sagradas do Nilo

O rio Nilo, o maior rio em extensão do mundo, também é o responsável direto por manter a continuidade de uma das mais antigas culturas que temos registro, a cultura egípcia. Saiba um pouco da sua história e do simbolismo das suas colossais construções.

José e as pragas do Egito

O hebreu José ainda estava encarcerado, vítima da perfídia da mulher de Putifar, quando o Faraó mandou chamá-lo para esclarecer um mistério. Precisava de alguém que lhe interpretasse um sonho que o atormentava há algum tempo. Nele o faraó estava à beira do rio Nilo e viu por ali passar sete vacas gordas que, em pouco tempo, foram devoradas por outras sete vacas magras. Em seguida, deparou-se ele com sete belas espigas de trigo para igualmente vê-las desaparecer engolidas por outras sete mirradas espigas.



Osíris e Horus cabeça-de-falcão

José, que tinha o dom da adivinhação, disse ao imperador que se tratava de uma mensagem divina. Deus, por meio da sua estranha linguagem onírica, avisava o Faraó para que se precavesse. Haveria no Egito sete anos de abundância e, em seguida, sete anos de fome. José aconselhou-o então que mandasse recolher tudo o que fosse possível na época da anunciada bonança, porque os sete anos futuros seriam de estiagem generalizada.
Tão impressionado ficou sua majestade que, rebatizando com o nome de Sefenat Fanec, encarregou o visionário hebreu de assumir uma função plenipotenciária, responsabilizando-o doravante pelo sucesso do armazenamento dos mantimentos, dando assim os começos da vida de sucesso de José (Gênesis, 37-50)

O Faraó e o Nilo

Este sonho em si sintetiza tudo na vida do Egito Antigo. Nele encontram-se os diversos elementos que compõem sua história: o Faraó como interlocutor entre os deuses e os homens; a banal e antiquíssima crença de que o sobrenatural se comunica com o natural através dos sonhos; a dependência que a população tinha da carne e do trigo e, finalmente a magna presença do rio Nilo.
E anuncia também a referência mágica do número sete. Algarismo de profundo significado hermético. Foi este número que orientou o faraó Ramsés II a que desse início entre os séculos 14 e 13 e a.C. na construção de sete templos sagrados espalhados pelas ribeiras do Nilo. Um deles Beit el-Wali, outro em Gerf Hussein, mais outro em el -Sebua, em el-Derr, os magníficos templos de Abu Simbel (onde ele se fez reproduzir em forma colossal), Aksha e, finalmente, o de Ibsambul.
Durante muito tempo os arqueólogos quebraram a cabeça para entender seu significado, até concluírem que aquelas construções tratavam-se de “casas divinas” só acessíveis aos sacerdotes, aos sábios e ao próprio faraó, erguido para afirmar e assegurar a regularidade das preciosas cheias do rio.

Os deuses

Para os egípcios havia uma sagrada simbiose entre o Nilo e todos os reinos vivos da Terra. Nada havia na natureza que dele não dependesse. Tão forte era a crença que em todas as suas representações sagradas os seus deuses são pintados ou esculpidos de maneira zooantropomórficos, isto é , têm simultaneamente forma humana e animal: Bastet, a deusa da guerra, tem uma cabeça de leoa; Thot, deusa da escrita, uma de Íbis; Hátor, a deusa das mulheres e do céu, tem chifres de vaca e mesmo Rá, o deus-sol, um dos mais cultuados, ostenta sobre o disco solar , uma cabeça de falcão.
Imaginavam eles que a vida tivesse emergido dos pântanos e concebiam a existência como uma harmonia entre o mundo humano, o animal e o vegetal. Bem ao contrário da cultura ocidental (que as separa em esferas distintas - reservando a superior para os humanos e a inferior para as demais), eles não faziam distinções entre os reinos. Tudo dotado de vida era uma manifestação do sagrado.